Um adeus que marca a história da Igreja Católica
O mundo recebeu com pesar, na madrugada de segunda-feira (21 de abril de 2025), a notícia da morte do Papa Francisco, aos 88 anos, no Vaticano. O pontífice argentino faleceu às 7h35 da manhã (horário de Roma), equivalente às 2h35 da madrugada no horário de Brasília, após enfrentar complicações de saúde nas últimas semanas.
O Vaticano anunciou que o funeral ocorrerá no próximo sábado, 26 de abril, na Praça de São Pedro, com presença de líderes de diversas nações e representantes das principais religiões do mundo.
Com o falecimento, a Igreja Católica entra em sede vacante, um período especial que marca a ausência de um Papa em exercício. A partir disso, inicia-se o processo que culminará com o conclave — o encontro dos cardeais que escolherão o novo pontífice.
Quem foi o Papa Francisco?
Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936. Tornou-se o primeiro papa latino-americano, jesuíta e a adotar o nome de Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis. Sua eleição em 13 de março de 2013 foi um marco na história da Igreja, especialmente após a surpreendente renúncia de Bento XVI.
Durante seus 12 anos de pontificado, Papa Francisco ficou conhecido por sua postura humilde, seu compromisso com as causas sociais e sua tentativa de aproximar a Igreja de temas contemporâneos, como a crise climática, a pobreza e os direitos humanos. Sua liderança combinou firmeza doutrinária com uma abordagem pastoral mais aberta e acolhedora.
Funeral de Francisco: cerimônia será no sábado, com homenagem global

A Santa Sé informou que o corpo do Papa Francisco será velado a partir de quarta-feira, 23 de abril, na Basílica de São Pedro. A visitação estará aberta ao público por três dias. O funeral oficial está marcado para sábado (26), às 10h (horário de Roma), e será presidido pelo cardeal decano Giovanni Battista Re.
Chefes de Estado, líderes religiosos e milhares de fiéis devem comparecer ao funeral do Papa Francisco. O presidente do Brasil, Emmanuel Macron (França), Donald Trump (EUA) e representantes do Conselho Mundial de Igrejas já confirmaram presença. O Vaticano prevê público superior a 150 mil pessoas.
O que é o conclave e como funciona?
Com a morte do Papa, o mundo volta os olhos para um dos momentos mais simbólicos e tradicionais do catolicismo: o conclave. Trata-se do processo secreto pelo qual é eleito o novo Papa, e ele segue regras rigorosamente definidas pela Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II e atualizada por Bento XVI e Francisco.
Como se inicia?
O conclave é convocado pelo Colégio de Cardeais — mais especificamente pelos cardeais eleitores, ou seja, aqueles com menos de 80 anos. Atualmente, cerca de 120 cardeais têm direito a voto. Eles têm entre 15 e 20 dias após a morte do Papa para se reunir na Capela Sistina, no Vaticano.
Durante esse período, os cardeais permanecem isolados do mundo exterior. Eles não têm acesso a internet, telefone ou qualquer forma de comunicação externa. O objetivo é garantir que a escolha seja feita de forma livre, espiritual e sem influências externas.
O processo de votação
- A eleição ocorre por meio de votação secreta.
- Cada cardeal escreve o nome de um colega em uma cédula.
- São realizadas até quatro votações por dia: duas pela manhã e duas à tarde.
- Para eleger o novo Papa, é necessário obter dois terços dos votos válidos.
- Após cada rodada, os votos são queimados. Se não houver eleição, uma substância é misturada ao papel para produzir fumaça preta.
- Quando um Papa é escolhido, a fumaça é branca — sinalizando ao mundo que “temos Papa”.
Após a escolha
O cardeal eleito é questionado: “Aceita sua eleição canônica como Sumo Pontífice?”. Ao aceitar, ele escolhe um nome papal, veste as roupas próprias do novo cargo e aparece na varanda central da Basílica de São Pedro, onde é apresentado com a tradicional frase: Habemus Papam!
Veja mais sobre o conclave.
O legado de Papa Francisco
O pontificado de Francisco foi marcado por momentos históricos e por gestos de humildade. Ele abriu mão do palácio apostólico, escolheu viver na Casa Santa Marta e fez viagens importantes, como a visita histórica ao Iraque em 2021.
Entre seus principais legados estão:
- A encíclica “Laudato Si’”, que colocou o meio ambiente no centro da agenda católica;
- A abertura para discussões sobre acolhimento de divorciados, homossexuais e migrantes;
- O fortalecimento do papel das mulheres dentro da estrutura eclesiástica, ainda que sem mudança na ordenação;
- A criação de novos cardeais representando continentes periféricos, dando mais voz às igrejas locais.
Reações globais: o mundo se despede de Francisco
A morte do Papa gerou comoção global. Líderes políticos e religiosos destacaram sua visão de mundo mais humana, menos dogmática. O Dalai Lama declarou que o Papa Francisco “fez pontes onde outros levantaram muros”.
Nas redes sociais, as hashtags #PapaFrancisco, #AdeusFrancisco e #Vaticano figuram entre os tópicos mais comentados.
Milhares de pessoas já se reúnem em Roma, formando filas em frente à Basílica de São Pedro, deixando flores e mensagens de fé.
Quem pode ser o próximo Papa?
Entre os nomes mais citados como potenciais sucessores estão:

- Cardeal Luis Antonio Tagle (Filipinas): próximo de Francisco, representa a Ásia e a ala progressista;
- Cardeal Matteo Zuppi (Itália): ligado ao movimento de paz e diálogo inter-religioso;
- Cardeal Peter Turkson (Gana): um possível primeiro Papa africano em séculos;
- Cardeal Odilo Scherer (Brasil): nome moderado, com apoio de diferentes alas.
Especialistas afirmam que o próximo Papa terá a missão de equilibrar tradição e modernidade, continuar as reformas e responder aos desafios sociais e espirituais do século XXI.
Conclusão: Francisco, um Papa do povo
Papa Francisco será lembrado como o Papa do povo. Simples, direto, corajoso, ele buscou aproximar a Igreja das pessoas comuns, especialmente dos que mais sofrem. Mesmo em meio a críticas e resistência interna, conduziu a Igreja com sensibilidade, compaixão e firmeza.
A Igreja se despede de um líder que viveu o Evangelho com os pés no chão e o coração voltado para os céus. Agora, o mundo aguarda, em oração e expectativa, por quem continuará essa caminhada.